28 de jul. de 2007

Inerte






As bombas nucleares já não me deprimem mais. Atentados, poluição, epidemias e catástrofes não me comovem. O mundo podre, falso, torto, errado, pseudo-evoluído, com suas pessoas idiotizadas, minúsculas e cegas ao menos me provocam incômodo. A indecência humana, nos olhos, na conveniência de não se permitir enxergar um milímetro além da casca, nem isso me afeta.

Enquanto inerte, deixo de ser mais uma vítima de sentimentos reproduzidos para ser vítima da conseqüência dessa massificação. Ontem eu quis me matar. E anteontem, no dia anterior, e em todos os dias pelos últimos meses e anos. Mas cheguei tarde, já estou morto há muito. Vago em espírito, observando imperceptível cenas que não me causam mais que pensamentos sobre a pequenez da limitada existência humana. Há uma lógica desfigurada regendo uma orquestra de surdos, e a música me faz mal aos ouvidos. Parar de ouvi-la traria a paz de que preciso, mas não se pode escolher a cruz, apenas carregá-la.

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