20 de mar. de 2010

Pessoas Verbais ou Como Foder Minha Cabeça

Sendo tão cru quanto a vida insiste em ser comigo:
A Softer World
Não achei que fosse possível, mas as tecelãs conseguiram arrancar mais uma piada no encerramento desse ciclo. E não uma piada qualquer, mas uma piada que vai me acompanhar por um tempo ainda, reforçando a irônica arte de foder minha cabeça.

De um jeito errado, eu estava certo sobre toda a percepção que tinha da situação. Não era um problema de tempo, mas de pessoa verbal. Conjugar nunca foi meu forte, então não conjugo que é pra não correr o risco de confundir pretérito com futuro perfeito.

O ciclo caminha para mais um fim. Apoteótico. Catastrófico. Hiperbólico. Pleonástico. E por algum motivo, apesar de não mais surpreender, incomoda. Não chega a doer, mas engasga. Não traz às lágrimas, mas pesa o peito num aperto sem fim. E cansa.

E já nem espero que haja quebra. O ciclo é minha sina, e de longe, assisto os que circulam ao meu redor, desejando um lugar onde o ciclo seja meu.

11 de mar. de 2010

Sós

E, sendo sós no mundo eu e você, caminharíamos pelas ruas das cidades, lado a lado. Observaríamos prédios, a decidir em qual entrar para apreciar a vista. E poderíamos escolher quaisquer, pois não haveria quem nos barrasse. Nem mesmo o tempo seria inimigo, pois o tornaríamos eterno quando posto sob nosso controle. E controlaríamos todas as leis do universo. A gravidade, reduziríamos, para levitar e depois voar. E aumentaríamos a velocidade da luz, para ver as estrelas em tempo real. E com o passar do tempo – ao nosso comando –, ganharíamos controle sobre as formas das coisas. Faríamos, dos postes, flores, e todas as flores maiores que as árvores, por serem mais belas. Ganharíamos, ainda, controle sobre a essência das coisas, e o ouro valeria menos que uma pétala. Deixaríamos de lado o egocentrismo, e valeríamos, também, menos que uma pétala, porém, infinitamente mais que todo o ouro do mundo. Até chegar o dia em que perceberíamos que este controle não nos é externo. E veríamos que não mudaram as coisas, mas nós em relação a elas. Olharíamos, por fim, para dentro de nós mesmos, e veríamos um ao outro. Então, saberíamos que, ainda que nosso Éden seja de concreto, somos Adão e Eva, eternamente no paraíso, pois apenas a nós cabe dizer o que é ou não é pecado.

8 de mar. de 2010

8

Hoje eu queria ser impessoal. Queria escrever um texto que expressasse sentimentos universais. Um texto no qual todos encontrassem parte de si.

Por horas, pensei em tudo que teriam a dizer sobre as mulheres. Horas em vão. Consigo identificar os pensamentos e sentimentos d’outrem, mas não consigo organizá-los em minha cabeça a ponto de formar um texto.

Eu poderia recorrer a autores. Livros de poesia, romances, ficção, biografias e até livros técnicos de psicologia e anatomia, que descrevem a mulher sob inúmeros pontos de vista. Infelizmente, nenhum deles, e nem mesmo todos eles somados, chegam perto do que as mulheres realmente são.

Indescritíveis. Talvez este fosse o adjetivo mais adequado, e ainda assim não bastaria. Indescritíveis, sim, mas muito mais que isso. Indescritivelmente belas, indescritivelmente graciosas, indescritivelmente misteriosas... Enfim, indescritíveis as mulheres e todas as suas infinitas qualidades. Indescritíveis todas, e também cada uma delas.

Por fim, eu poderia recorrer a uma musa, como muitos já fizeram, e como todo artista faz. Assim, escreveria um texto pessoal, em homenagem à minha musa, extendendo a homenagem a todas as mulheres do mundo. Porém, tudo que escrevo, sempre, cada letra de cada palavra de cada frase, é em homenagem à minha musa, e seria injusto com os outros textos que já escrevi se fizesse deste um especial.

Desisti. Desisti e, ainda assim, escrevi um texto. Insuficiente, mas ainda assim uma homenagem a elas. Insuficiente como são as palavras para descrevê-las. Insuficiente como são os homens para fazer-lhes jus. Insuficiente como é o universo para limitá-las.

Insuficiente como é o dia 8 de março para homenageá-las.

8 de março, Dia Internacional da Mulher.

7 de mar. de 2010