Pois nací nunca vi Amor, e ouço del sempre falar. Pero sei que me quer matar, mais rogarei a mia senhor que me mostr'aquel matador, ou que m'ampare del melhor. Pero nunca lh'eu fige ren por que m'el haja de matar; mais quer'eu mia senhor rogar, polo gran med'en que me ten, que me mostr'aquel matador, ou que m'ampare del melhor. Nunca me lh'eu ampararei, se m'ela del non amparar; mais quer'eu mia senhor rogar, polo gran medo que del hei, que mi amostr'aquel matador, ou que mi ampare del melhor. E pois Amor ha sobre mí de me matar tan gran poder, e eu non o posso veer, rogarei mia senhor assí que mi amostr'aquel matador, ou que mi ampare del melhor.
Ando vendo monstros. Monstros que guardam portas atrás das quais escondo experiências que não quero mais viver. Seres que povoam os corredores do meu subconsciente, e saltam da escuridão a me paralizar de medo. Protegem-me, apesar dos pesares. E sentindo-me protegido, crio mais deles a cada experiência que desejo esconder. E são tantas. E tantos são os monstros, que já não sei mais andar pelos corredores sem me deparar com um. Alguns que já havia esquecido, que já havia até mesmo perdido o controle. E o meu corredor bem protegido tornou-se meu labirinto, guardado por várias dezenas de minotauros enfurecidos com minhas tentativas de abrir portas. Com isso, meu caminhar é lento, cauteloso, e às vezes nem andar é. À medida que as luzes se apagam, o labirinto se apresenta mais perigoso, e eu mais amedrontado. E esse medo me faz perdido, sem conseguir ao menos imaginar que em algum canto ermo possa haver uma nova porta, desprotegida e pronta para se abrir para um mundo onde poderei deixar os monstros para trás.
As bombas nucleares já não me deprimem mais. Atentados, poluição, epidemias e catástrofes não me comovem. O mundo podre, falso, torto, errado, pseudo-evoluído, com suas pessoas idiotizadas, minúsculas e cegas, nem ao menos me provoca incômodo. A indecência humana, nos olhos, na conveniência de não se permitir enxergar um milímetro além da casca, nem isso me afeta.
Enquanto inerte, deixo de ser mais uma vítima de sentimentos reproduzidos para ser vítima da consequência dessa massificação.
Ontem eu quis me matar. E anteontem, no dia anterior, e em todos os dias pelos últimos meses e anos. Mas cheguei tarde, já estou morto há muito. Vago em espírito, observando imperceptível cenas que não me causam mais que pensamentos sobre a pequenez da limitada existência humana.
Há uma lógica desfigurada regendo uma orquestra de surdos, e a música me faz mal aos ouvidos.
Parar de ouvi-la traria a paz de que preciso, mas não se pode escolher a cruz, apenas carregá-la.
Nada do que se orgulhar.
Nada do que se arrepender.
Nada de memorável.
Nada esquecível.
Nada desesperador.
Nada esperançoso.
Nada a mudar.
Nada pra manter.
Nada pra mostrar.
Nada pra contar.
Nada a perder.
Nada a ganhar.
Muito a sentir.
Sinto muito.
and you can live again,
but you'll have to die twice in the end.
O nó na garganta impede as palavras de sair, ainda que tenha passado os últimos dias semanas ensaiando textos e diálogos imaginários pra dizer tudo o que quero (mas não) devo). É mais que um simples bloqueio, e talvez eu saiba bem explicar o processo, passo a passo, com detalhes - mas isso exigiria assumir algo para o qual não estou pronto. Não que um dia vá estar, mas não sei como sairia do choque que espero como consequência. Ou melhor, sei e tenho medo, isso sim. Muito medo.
O nó no estômago me tirou a fome, e por mais que pareça interessante de um certo ponto de vista (o do meu médico), me preocupa por ser justamente o oposto que outras situações de ansiedade me colocaram. Não comer me deu sono, que passou assim que abri a porta de casa e uma enxurrada de informações começou a ser processada, pedindo pra sair.
Fez-se um nó na estrada e nas pernas, e mesmo sem ter encruzilhada o caminho se perdeu - e eu nele. Cadê aquele pedestal que estava aqui? Será que voltei para o começo da história? "No matter how it starts"Ou desmoronou enquanto eu estava distraído? "No matter how it ends". O cenário é estranhamente novo, quase em branco para uma nova paisagem. "No matter how it starts". E o caminho vai se assentando até se perder de vista. "No matter how it ends".
Os lugares impossíveis de repente soam desejáveis outra vez, e tudo começa a fazer sentido, como uma peça de quebra cabeças que de repente se encaixa.
Irônica, a tecelã ri da mistura de choro e riso que estampo enquanto tento colocar em palavras cada pensamento que me passa voando. E até o tempo pára quando capto a lembrança de um sorriso.
Essa aqui é do Paul Baribeau, que apareceu na minha lista há um tempo atrás e até hoje não sei de onde... A letra é bonitinha demais pra passar batida! A única versão que achei com a letra compreensível foi esse cover, mas também ficou legal na voz da menina.
Letra:
To say that you are cute, Would be like saying a strawberry is sweet, 'Cause a strawberry has secret flavors that are sharp, and tart, and red, and deep, And I would love to find you growing wild out by the woods, I would make a basket with the front of my t-shirt, and take home as many of you as I could, And to say that you are pretty, Would be like saying that the ocean is blue, Cause the ocean is full of all kinds of colors, and I see all kinds of things when I look at you, and I want to explore you With my tennishoes off Standing ankle deep in a tide pool, with my khaki pants rolled up, and to say that you are funny would be like saying that the night sky is black, Cause the night sky is filled with stars and comets and planets that no one has seen yet, And I want to look at you, Lying down on my front lawn, I'll try to take you all in at once, but you just go on and on and on
[ vou escrever sem parar pra pensar, senão não coloco nada pra fora ]
Estou ficando com medo dessa obsessão crescente... Qualquer coisa que faço é desvirtuada por um pensamento, um impulso ou um clique pra mais perto dessa ilusão que sem querer acabei criando. Preciso segurar essa onda antes que se torne doentia. E mais, antes que alguém perceba...
"I need to, I need to, I need to. I need to make you see, Oh, what you mean to me. Until I do I'm hoping you will Know what I mean." Beatles - Michelle
Sentir-me assim é muito, MUITO próximo do que eu queria (precisava) há algum tempo. Mas também é muito, MUITO próximo de uma outra certa situação que demorou a terminar, e que não terminou exatamente como eu desejava.
Daí vem o medo. Daí vem a insegurança. Daí vem a ansiedade por situações que não vão acontecer. Daí sei lá o que fazer pra trazer a cabeça de volta pro centro. E sei lá como me controlar pra não parecer creepy, weirdo, stalker, idiota...
No fundo eu só queria que as peças se encaixassem e fizessem sentido em algum contexto para onde eu possa me transportar mais facilmente, sem enlouquecer atrás de respostas no nada quando pulsa a obsessão. No fundo eu só queria que alguém estivesse online para conversar, que é o único contexto em que tudo, absolutamente tudo, faz sentido.
O diálogo abaixo não aconteceu. É só um diálogo no qual a resposta deve ser imaginada pelo leitor, para formar o contexto. E que talvez algumas pessoas o interpretem mais próximo da realidade que imaginei quando criava. (E que eu editei umas 10 vezes para evitar isso ao máximo, por receio de ser mal interpretado / mal visto)
- Oi. - ... - Podemos conversar? - ... - Na verdade queria te pedir uma coisa... - ... - É que eu estou perdido. Não entendo o que passa, e isso me incomoda há dias. - ... - Eu queria saber quem você é. - ... - Não, não dá pra esperar. Estou enlouquecendo. Não consigo explicar, não consigo pensar. Queria ter dito isso sem soar creepy, mas não tem como... - ... - Sabe quando nada faz sentido? As idéias, momentos, tudo parece certo, mas não faz sentido. Não tem razão de ser nem de seguir, e ainda assim me vejo sem opção senão acreditar que existe um propósito. - ... - Talvez não faça a menor diferença, mas eu preciso disso o quanto antes. Ok, se não soou creepy o suficiente antes, agora consegui... - ... - Eu só queria tentar entender, nada mais. - ... - Também não faz sentido para mim, e também é assustador, mas eu precisava pedir. Imaginei que não atenderia, mas precisava pedir. Desculpa. - ... - Eu entendo. Estou sendo idiota. E esquisito. E inconveniente. E um monte de outras coisas que não devo. - ... - Nos falamos amanhã?
Irônica a tal tecelã que nos faz o destino. Confesso que no começo cheguei a esboçar um sorriso, e já ia me deixando levar, mas piada repetida, apenas repaginada, não me faz mais rir.
A vontade de seguir não é pequena, mas saber onde (não) vai chegar e o que acontece na segunda metade do ciclo me faz pensar duas vezes. Não me permito ao menos o ponto em que surge a inspiração, pois ele é próximo demais do trecho seguinte donde não há mais volta.
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Queria ser hoje menos amargo. Talvez a história não seja a mesma, mas já não quero pagar para ver. Noutra época este post seria um tanto mais poético e devidamente dedicado, mas por mais que algo dentro de mim implore para sair sob esta forma, sei que não posso ser tão exposto e invasivo ao mesmo tempo.
Queria fazer sentido. Queria que fazer sentido fosse simples, que não dependesse de tantos fatores. Ou que não dependesse de um fator que me falta e cuja ausência tanto incomoda. Ou que fazer sentido não fosse importante pra mim. Ou qualquer coisa que me dê motivo pra escrever algo que preste...
Queria dormir e sonhar com meus sonhos indo embora.
Despedindo-se e partindo, levando com eles todas as pontas de esperança que insistem em me manter amarrado a caminhos cujas portas já fecharam há tempos. Levando as idéias de futuros ideais já sem sentido, e deixando apenas as boas memórias do que um dia senti.
Queria dormir e sonhar com um corredor novo, sem pontas ou nós de esperança para tropeçar, e com portas que ainda não abri instigando-me a curiosidade.
E no fim das contas queria que tudo isso fosse mesmo só sonho, pois só faço sentido com meus sonhos despedaçados, e só sou eu mesmo porque eles me fizeram assim.
Existe um lugar onde o impossível acontece. Ou melhor, um lugar onde tudo que é impossível acontece o tempo todo. Não tem nome ou endereço, que é para não chegarem os homens com suas realidades.É um lugar fictício, onde tudo que é irrealizável simplesmente acontece, sem razão ou necessidade de explicação. Nesse lugar, todos aqueles futuros que imaginamos no passado já se tornaram reais. E depois irreais de novo, quando desistimos, substituídos pelos novos desejos impossíveis de quem ainda os tem. Antes fosse esse lugar uma metáfora para o futuro, ou mesmo para sonhos, mas não. As coisas impossíveis estão além, e jamais deixarão de sê-lo, não importa o esforço. É nesse lugar que um outro eu vive com uma outra ela, que não é a que ela colocou lá.
Fiz tão alto teu pedestal que anos caminhando não me afastaram da sombra projetada. Talvez eu o continue aumentando, para evitar o sol nas costas enquanto caminho. Ou talvez ele seja mesmo infinito como eu previa. Talvez o passo lento do apego não tenha me levado longe o suficiente. Ou talvez eu simplesmente não tenha andado.
"No matter how it ends, No matter how it starts."
Fiz tão alto teu pedestal que já nem vejo se ainda estás aí em cima, ou se voou. Talvez eu saiba que não está, e por isso prefiro não enxergar. Ou talvez ainda exista um pouco de ti para eventualmente me inspirar. Talvez eu prefira a memória representada no pedestal à sua existência real e distante. Ou talvez eu prefira voltar ao começo da história para cometer os mesmos erros.
"Fall off the table And get swept under"
E não nos deixeis cair em negação. Fast Forward?
"Forget about your house of cards And I'll do mine"
Está amanhecendo, e talvez esteja tudo errado. É bom perceber que, mesmo manco, o universo vence sua luta de cada dia.
Amanhece, e por algum motivo os pássaros cantam. Talvez sejam gemidos. Antes fossem, talvez.
Está amanhecendo e está escuro, mas a perspectiva é de mudanças drásticas nas próximas horas.
Os cães estão acordados. Desde que nasceram. É preciso aproveitar o tempo, quando não se tem sete vidas. Gatos dormem. Pra caralho. No mundo todo, gatos gordos dormem sob um facho de sol que entra pela janela da cozinha durante a manhã. À tarde mudam para a sala.
CHEGA DE ANIMAIS!
Quando acordar, vou almoçar pensando no bicho que morreu para servir meu prato. Ter pena é hipocrisia. Depois vou ajudar velhinhas a atravessar a rua por módicos R$1000,00. A bondade gratuita é mais hipócrita que a pena.
Acendo mais um copo de uísque com gelo, e o gelo atrapalha o fogo. Tudo que soa sincero deve estar fora dos eixos. Talvez esteja tudo errado, e ainda assim, amanhece.
Cresci ouvindo e acreditando naquela história de que a gente deve fazer o que gosta. E o que acontece quando algo que você gosta muito não te empolga mais? E além de não empolgar, não te dá o retorno devido?
Preciso descobrir o quanto gosto do meu trabalho, e se ele vale o quanto me dôo a ele, tanto em termos de retorno financeiro e profissional quanto de percepção de valor pessoal frente ao que perco em contrapartida dessa dedicação.
É isso. Esse ano será para repensar e reavaliar muitas, muitas coisas... Agora vou pra casa fazer justamente isso. E jogar um pouco.